Quarta-feira da 16ª semana TC
Jr 1,1.4-10
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A vocação é, na vida de todos nós, o que dá sentido a todas as nossas atividades e a nossa existência. Enganar-se em relação à própria vocação implica o fracasso total da pessoa. Jeremias, aos vinte anos, tem a consciência clara de qual é a sua vocação. Foi chamado para ser profeta para todas as nações. O chamado de Jeremias consiste numa profunda experiência interior do divino e do humano. A descrição exterior da vocação é difícil de ser imaginada, porque é uma expressão inadequada de uma experiência interior realíssima.
Jeremias tem consciência de que Deus o conhece profundamente. Não é o conhecimento que viola, mas que é expressão de um grande amor por ele. De fato, na Bíblia o conhecimento verdadeiro é o do coração. Este conhecimento amoroso fez de Jeremias um consagrado de Deus, alguém que foi separado por Deus de todos os outros para uma missão específica.
Jeremias tem consciência também de que sua missão é revelada na sua juventude, mas de que o sentido de sua existência já tinha sido fixado desde toda a eternidade. Antes mesmo de que fosse formado do seio de sua mãe.
Essa experiência do chamado e do desígnio eterno de Deus faz Jeremias tremer. Ele se vê apenas como um homem. Tímido por natureza, reconhece que é muito novo e que está muito longe de se oferecer voluntariamente como o fez Isaías. Diferente de Isaías, Jeremias não tem coragem de dizer: Eis-me aqui, enviai-me!
Mas o imperativo divino está acima dos seus sentimentos e dotes naturais. Com efeito, Deus lhe assegura: “Eu estou contigo para defender-te”.
O Senhor assumirá a responsabilidade de tudo o que Jeremias disser. Porá na sua boca o que deve dizer e lhe dará a força para o dizer. Para isso é preciso que sua boca seja purificada.
A missão de Jeremias está repleta de contrastes: ele será enviado para “extirpar e destruir, devastar e derrubar, construir e plantar”. Jeremias será enviado para endireitar todo caminho torto das pessoas. Por isso ele sabe que deverá falar o que desagrada: precisará denunciar a idolatria e a perversão dos costumes. Ele precisará falar e, por isso, treme.
O mesmo acontece com todos nós. Trata-se da luta interior entre as exigências da fé e a fraqueza humana. Até Cristo suou sangue. Para vencer essa batalha interior dependemos absolutamente da graça de Deus.
Por Dom Julio Endi Akamine SAC
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