4º Domingo do TC – Ano C – Lc 4,21-30
Lc 4,21-30
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Jesus afirma na Sinagoga de Nazaré: “hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir”. Qual é a passagem da Escritura a qual Jesus se refere?
O Espírito do Senhor está sobre mim,
pois ele me ungiu para anunciar o evangelho aos pobres:
enviou-me para proclamar a liberdade aos presos
e, aos cegos, a visão;
para pôr em liberdade os oprimidos
e proclamar um ano do agrado do Senhor (cf. Is 61,1-2).
A boa notícia consiste na libertação de todas as opressões: Opressão física (cegos), econômica (pobres), política (os encarcerados).
A extensão e a profundidade do texto do profeta Isaías dependem do “eu” que o pronuncia. Até agora as pessoas liam o texto somente como arautos ou comunicadores, mas não como realizadores do que a profecia anuncia.
Com Jesus, finalmente, o texto é proclamado com o seu verdadeiro “eu”. A profecia não é só lida, mas realizada porque chegou aquele que cumpre o texto. Jesus não somente lê um texto da Escritura. Ele lê o seu texto, é ele que dá sentido ao texto. Ele é o Ungido pelo Espírito e por isso pode afirmar: “hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir”.
Algumas pessoas reagem a isso com admiração. Serão eles que irão formar a primeira base da Igreja que será fundada sobre os apóstolos.
Infelizmente há outros que reagem mal à pretensão de Jesus. Alguns se escandalizam por causa da pessoa de Jesus. Não é este o filho de José? Eles supunham que o Messias de Deus deveria se mostrar de uma forma exterior maravilhosa e poderosa. E, no entanto, estão diante do filho do carpinteiro, daquele que tinha sido amigo de infância e de juventude. Jesus se apresenta como homem no meio dos homens e, mesmo assim, afirma ser ele o próprio Messias esperado.
A pregação de Jesus é atraente e, ao mesmo tempo, desconcertante. Jesus reivindica para si o “eu” da profecia de Isaías, mas isso não combina com o que eles conhecem de Jesus e da história que partilharam por trinta anos com ele.
Há outra razão para a rejeição: eles querem que Jesus faça milagres; pretendem que Jesus se apresente como um “guru milagreiro”, um “curandeiro” espetacular que se imponha pela força dos milagres que realiza. Na verdade essa imposição dos conterrâneos de Jesus repete a terceira tentação de satanás (4,9): “se és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo, pois está escrito: ‘Ele dará ordens aos seus anjos a teu respeito para que te guardem’, e, ‘nas mãos te carregarão, para que não firas o teu pé em alguma pedra’”. Eles exigem de Jesus milagres inúteis e sem justificativa. Ora exigir de Deus (e de Jesus que é Deus) milagres para que Ele prove ser Deus é tentar a Deus. Essa exigência de milagres é ainda maior em relação a Jesus, uma vez que ele se apresenta como aquele que cumpre a profecia de Isaías. Eles, porém, estão diante de Jesus pobre e humilde, que se recusa a fazer milagre inúteis.
Celebrar a eucaristia é se colocar diante de Jesus e ter que decidir. Todos nós precisamos ouvir de novo: “hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir”. todos nós precisamos avaliar com seriedade o escândalo que implica a fé em Jesus Cristo.
Temos consciência de que Deus veio ao nosso encontro na pessoa de Jesus de Nazaré: morte, crucificado e ressuscitado? Não temos nós também a mesma atitude de alguns conterrâneos de Jesus: exigimos milagres? Exigimos privilégios? Buscamos a Jesus ou os seus milagres?
Por Dom Julio Endi Akamine SAC
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