1º Domingo do Advento B
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A celebração de hoje abre o tempo do Advento. É tempo de espera vigilante. O evangelho deste domingo está articulado em duas partes: a primeira parte (21,25-28) refere-se ao momento do fim, narra o que vai acontecer; a segunda parte (21,34-36) diz respeito às atitudes que devemos cultivar em função desse fim; exorta-nos à vigilância.
Embora os acontecimentos tenham um caráter catastrófico e os sinais precursores sejam terríveis, os cristãos são chamados a se levantarem, a erguerem a cabeça porque a libertação está próxima.
Gostaríamos de ter como adivinhar o futuro e a data do fim do mundo, mas, no fundo, essas perguntas e essa curiosidade são um sinal do nosso medo e da nossa falta de confiança em Jesus. Jesus nos ensina que o mundo teve seu início em Deus e para Ele caminha: o mundo terá seu fim em Deus. Assim quando ouvimos, pensamos ou falamos do fim, não falamos do término ou da destruição. O fim para o cristão é o mesmo que a finalidade e o sentido. O fim do mundo não é sua destruição, mas a sua finalidade e o seu sentido.
A palavra de Jesus nos convida à vigilância. Está próximo o fim dos tempos e por isso é preciso estar sempre desperto. Não se trata de proximidade de anos ou de dias que podem ser contados, mas de uma proximidade qualitativa, ou seja, cada dia que vivemos está aberto ao fim e envolto no mistério de Deus. Todos os momentos de nossa vida, devemos vivê-los como os últimos. Assim nossa vida ganha uma seriedade enorme, mas também se reveste de uma esperança ainda maior. Sim! Porque cada minuto é decisivo para a nossa salvação e para a vinda do Reino.
Ao falar do fim do mundo, Jesus nos revela não o futuro, mas o sentido profundo da realidade e do momento em que vivemos: o nosso presente é decisivo para a nossa eternidade; os sofrimentos presentes podem nos conduzir à vida eterna. Por se tratar dos últimos tempos, somos chamados à responsabilidade quanto ao momento presente. Se estamos nos últimos tempos, é preciso levar a sério a nossa vida: não teremos outra oportunidade; não podemos desperdiçá-la. Por isso para vencer o medo e para viver com plenitude os últimos tempos é preciso estar firmados em Jesus.
O dever da vigilância está fundado na esperança de que nossa vida tem futuro. Se nossa vida não tivesse futuro, não estivesse destinada à eternidade não precisaríamos de vigilância. Se nossa vida terminasse na morte, a nossa atitude não seria de vigilância, mas a de curtir a vida com a maior intensidade possível; seria a de desfrutar com sofreguidão o maior prazer possível, uma vez que a morte iria acabar com toda a possibilidade de prazer.
Mas o cristão é vigilante porque é animado por uma grande esperança: a esperança da eternidade. O futuro se aproxima, e nós já vivemos cada momento como uma abertura à eternidade. Assim preocupamo-nos em que a morte não nos encontre despreparados e em pecado mortal.
Isso não significa que devamos só ficar esperando. Nós estamos vigilantes porque cada momento nós o vivemos na presença de Jesus. O fim do mundo não é para nós uma espécie de amanhã. O fim do mundo é para nós o sinal claro de que nós somos limitados, mas, ao mesmo tempo, estamos abertos para Deus e para a Vida que Ele nos quer dar.
Com efeito, o fim do mundo pode ser ameaçador para aqueles que estão apegados a este mundo passageiro de injustiça. Mas o fim do mundo pode nos abrir a uma grande esperança, porque na instabilidade deste mundo esperamos o amanhã de Deus e do seu Reino.
Por Dom Julio Endi Akamine SAC
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