21º Domingo do TC B
Jo 6, 60-69
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Há uma lei que governa a nossa relação com Deus: o amor de Deus é gratuito e se antecipa às nossas escolhas ou aos nossos méritos (“fui eu que vos escolhi”). Mas, mesmo sendo eleitos sem nosso merecimento, não podemos ficar inertes e passivos frente à escolha de Deus. A escolha de Deus espera e reclama a nossa acolhida da escolha. A lei da vida cristã consiste nisso: dom e responsabilidade.
O Evangelho mostra como, para os apóstolos, chegou o momento de dar a resposta ao chamado de Jesus: “vós também quereis ir embora?” Os discípulos não eram obrigados a permanecer com Jesus e, de fato, muitos abandonaram Jesus. Ficaram os Doze que formarão a Igreja, mas eles não podem mais permanecer como antes, sem compromisso. De agora em diante eles devem ter consciência de que escolheram Jesus para a vida ou para a morte. “Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos e sabemos firmemente que tu és o Santo de Deus”.
A partir dessa escolha, os discípulos sabem que o coração não é mais livre para todos os afetos. Há afetos que não vêm de Deus, mas do maligno, pois são afetos que desviam de Deus, são amores desordenados que dividem o coração. Uma vez que escolhemos, o nosso coração não pode mais estar dividido por afetos que não nos conduzam a Deus.
Todos os dias encontramos alguém que “se afastaram e não mais andam com Jesus” porque julga sua palavra muito dura. Por exemplo: acha que a exigência da indissolubilidade matrimonial é muito dura e antiquada; acha que o carregar a cruz não deve ser levado assim tão a sério; que julga a proibição de não poder servir a Deus e ao dinheiro “de uma moral católica atrasada”; que considera a exigência da fidelidade (quem olhar com cobiça para uma mulher já cometeu adultério com ela) muito exagerada.
Nós vivemos em tempo diferente da dos nossos pais: não é possível mais viver como cristão por uma tradição herdada. Nossa época cobra de nós um cristianismo consciente e responsavelmente assumido.
Vemos mais do que nunca quão urgente é escolher, decidir-se, posicionar-se de um lado ou de outro, antes que seja tarde demais, antes sejamos nós postos pelo Senhor à sua esquerda!
Nós já escolhemos Deus no batismo. Essa nossa escolha precisa ser sempre de novo reafirmada nos sacramentos e no testemunho da vida.
Por Dom Julio Endi Akamine SAC
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