Comentário ao Evangelho – Domingo 22/03/2020

4º Domingo da Quaresma – ANO A

Jo 9,1-41

 

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  1. Pergunta inicial:

“Rabi, quem pecou, ele ou seus pais para que nascesse cego?”. Os discípulos procuram a explicação e o sentido dos males e das imperfeições que nos fazem sofrer.

  1. Resposta de Jesus

As imperfeições que existem neste mundo não são castigo de Deus. Jesus não liga as imperfeições e as doenças humanas com um castigo de Deus.

“Nem ele nem seus pais, mas para que se manifestem as obras de Deus”. A imperfeição do cego é vista como ocasião, como pano de fundo da manifestação da ação criadora e salvadora de Deus.

Imperfeição do cego não é imperfeição natural. Imperfeição natural indica uma imperfeição imutável que não será superada. Por isso, devemos falar de uma imperfeição inicial.

Todas as imperfeições deste mundo devem ser vistas como imperfeições iniciais. A imperfeição inicial é da vontade de Deus. Ao criar todo o universo, Deus fez tudo bem feito, mas não fez tudo perfeito. Se criasse tudo perfeito, Deus teria excluído o progresso, a evolução e o crescimento. A natureza e o homem foram criados repletos de possibilidades para evoluir e se desenvolver. Assim as imperfeições podem e devem ser superadas. Elas representam um desafio à imaginação e à criatividade do homem.

Ao falar do cego, Jesus está falando também de todos nós. Não fomos criados perfeitos para que se manifeste em nós o poder de Deus. Superando as imperfeições, revelaremos a grandeza daquele que nos criou.

  1. Cura do cego

O cego não é só curado da cegueira física. Ele recebe a luz da fé. Por isso a cura do cego começa com a cura física, mas termina no dom da fé. Todo este processo se realiza em três etapas.

  1. As pessoas perguntam ao cego curado: “Como se abriram os teus olhos?”. Ele responde: “Aquele homem chamado Jesus fez lama, aplicou-a nos meus olhos”. O cego ainda não sabe quem é Jesus, mas adere a ele por causa da cura.
  2. De novo as pessoas perguntam ao cego: “Que dizes de quem te abriu os olhos?”. Ele responde: “é um profeta”. Neste ponto, o cego manifesta uma maior profundidade no conhecimento de Jesus Cristo. De fato, Jesus é profeta, mas não somente um profeta.
  3. Por fim Jesus lhe pergunta: “Crês no Filho do Homem?”. “Quem é, senhor para que eu creia nele?”. “Tu o estás vendo, é quem fala contigo”. “Creio, Senhor!”. E prostrou-se diante dele. Aqui a profissão de fé marca o término de um processo que começou com a cura física. A visão física prepara a visão espiritual. A fé é fruto do encontro pessoal com o Senhor. Jesus vem ao encontro e se revela. Somente por causa disso a fé é possível.
  4. Os cegos que não querem ver

Os verdadeiros cegos do evangelho são os fariseus que não enxergam aquilo que é evidente: Jesus é o Filho de Deus. Não enxergam um palmo à frente do nariz. Por várias vezes os fariseus interrogam o cego sobre quem o curou; se, de fato, ele foi mesmo curado. Perguntam aos seus pais se ele nasceu mesmo cego.

O argumento que eles usam para não acreditar no milagre de Jesus é ridículo: um milagre feito no dia de sábado não pode ser um milagre. Eles são cegos porque não querem ver.

Fechar os olhos diante do próximo torna cegos diante de Deus (Texto-base, CF 2020, 80).

 

Por Dom Julio Endi Akamine SAC

 

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