Comentário ao Evangelho – Domingo 21/08/2022

Domingo: Assunção de Nossa Senhora

Lc 1,39-56

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Hoje nós nos unimos para cantar com Maria: “todas as gerações me chamarão bem-aventurada, porque o Todo-Poderoso fez grandes coisas em meu favor”. O que nos ensina a exaltação da serva Maria?

  1. A assunção é um privilégio. Um privilégio que nos ensina e nos revela o desígnio de Deus em relação a todos nós.

O privilégio da assunção consiste na união admirável de Maria com Cristo, uma união de corpo e de alma que começou na Anunciação, mas que cresceu sempre mais ao longo dos anos e da vida de Maria e que alcança a plenitude na assunção.

  1. Toda a vida de Maria foi um caminhar na fé. O evangelho que acabamos de ouvir nos mostra como essa união com Cristo (sua concepção virginal) se desdobra no anúncio e no serviço. “Ela foi apressadamente…”.

Este breve relato mostra quais são as características da ação da jovem Maria: ela é capaz de um amor atento, concreto, alegre e terno.

Seu amor é atento: Maria não precisa de pedidos para compreender a necessidade da prima Isabel, de idade madura e à espera de um filho. Intui a necessidade e corre ao seu encontro: seu olhar, nutrido de amor, compreendeu o que se devia fazer muito além de qualquer comunicação verbal. “Ubi amor, ibi oculus”: onde existe o amor, o olho vê aquilo que um olhar sem amor não sabe ver.

À atenção, Maria une a concretude: não perde tempo sonhando com boas intenções. Age com prontidão. A expressão “apressadamente” (v. 39) fala da solicitude e da urgência com que concretiza a decisão de ir ajudar a Mãe de João. Santo Ambrósio comenta: “A graça do Espírito Santo não tolera delongas” (Expositio in Evangelium secundum Lucam, 2,19)!

Depois, o amor de Maria é perpassado de alegria: ela não realiza seus atos como cumprimento pesado de um dever ou como obediência a uma obrigação imposta pelas circunstâncias. Nela tudo é gratuidade, bem que se difunde, generosidade vivida sem cálculo ou constrangimentos. A sua alegria (evangelii gaudium) consiste em se sentir tão amada que percebe a obrigação de amar como um corresponder ao amor recebido.

Exatamente por isso, tudo em Maria se vive em plenitude a ternura, isto é, o amor que gera alegria, que não cria distâncias nem cria dependência. O amor de Maria não é somente alegre, o seu amor enche o outro de alegria, enche o outro com o espanto e a beleza de se descobrir objeto de puro dom. “Como mereço que a mãe do meu Senhor venha me visitar? Logo que a tua saudação ressoou nos meus ouvidos, o menino pulou de alegria no meu ventre” (v. 43s). Ternura é dar despertando alegria no amado: quem não ama com ternura, cria dependências ou mantém distâncias nas quais é impossível desencadear a alegria.

Nisso tudo, a fé de Maria, que se irradia na caridade, é um modelo para nós, especialmente nas relações familiares e comunitárias.

  1. É esse o mistério que a liturgia de hoje proclama: “Aurora e esplendor da Igreja, ela é consolo e esperança para o vosso povo ainda em caminho, pois preservastes da corrupção da morte aquela que gerou vosso Filho feito homem”.

Notem que a liturgia fala da Assunção como nosso consolo e esperança. A assunção de Maria revela qual é a vontade de Deus, qual é o seu desígnio, qual é o seu desejo em relação a nós: é a nossa glorificação em corpo e alma, de todo nosso ser, não somente de uma parte de nós. O que exaltamos em Maria é, ao mesmo tempo, a expressão de nossa esperança no desígnio de Deus. A Assunção é confirmação e realização antecipada do nosso destino de salvação. Deus revela não só com palavras, mas também com fatos a sua vontade.

  1. A Assunção confirma a unidade do ser humano (corpo e alma) e nos confirma que devemos glorificar e servir a Deus com todos o nosso ser (corpo e alma).

Servi-lo só com o corpo é escravidão. Servi-lo só com a alma é dedicar-lhe um amor distante e irreal.

Viver neste mundo servindo e amando Deus, viver unido com Jesus Cristo, viver como Maria viveu nos levará a sermos glorificados em corpo e alma como aconteceu com Cristo e como aconteceu com Maria.

Perguntemo-nos: Qual é meu estilo de vida? Como Maria, sou atento ao outro, às suas necessidades evidentes e também as ocultas? Sei ser concreto no meu modo de amar? Meu amor é terno como o de Maria, gerando alegria e a paz no coração do outro? Procuro manifestar atenção e solidariedade com quem sofre?

Ó Maria, Nossa Senhora da Ponte! Logo depois que o anjo te anunciou que serias a “Mãe do meu Senhor”, te dirigiste apressadamente à casa de Zacarias e de Isabel. Foste para a “região montanhosa”; subiste colinas e montes; atravessaste vales com teus passos rápidos e decididos.

Em ti e por meio de ti, Jesus se tornou itinerante antes mesmo de nascer. Em ti e por ti, Jesus colocou em prática o que Ele próprio ensinaria aos discípulos: “não leveis bolsa, nem duas túnicas, não saudeis ninguém pelo caminho; em qualquer casa que entrardes dizei: ‘a paz esteja nesta casa’”.

Como correste, ó Maria! Desejo também te acompanhar para levar Jesus aos outros. “Como são belos os pés de quem anuncia a paz”. Prometo me esforçar em seguir teus pés velozes. Peço que tenhas paciência comigo se me atraso por causa de meus pecados.

Olha com benevolência quem te admira e te ama.

Por Dom Julio Endi Akamine SAC

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