Comentário ao Evangelho – Domingo 16/01/2022

2º. Domingo TC – Ano C

Jo 2,1-11

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Quantas vezes a vida de um casal entre numa grave crise conjugal. Pela experiência sabemos que, por um lado, a crise conjugal se apresenta, na sua fase aguda e mais dolorosa, como uma falência, como a prova de que o sonho terminou ou se transformou num pesadelo. Nessa situação os casais dizem: “infelizmente, não dá para fazer mais nada”. Esse é o aspecto negativo da crise.

Mas existe outro aspecto da crise, que nos é muitas vezes não vemos, mas que Deus vê. Cada crise nos ensina que ela pode ser a passagem para uma nova fase de vida. Na natureza, nas criaturas inferiores, isto acontece automaticamente. No ser humano, porém, a crise interpela a sua liberdade, a sua vontade e, portanto, abre para uma “esperança maior” do que o desespero.

Nos momentos mais obscuros, os cônjuges podem perder a esperança. Nesse momento é preciso a companhia de outras pessoas, é necessária a companhia de verdadeiros amigos que, com o máximo respeito, mas também com o desejo sincero do bem, estejam prontos a compartilhar um pouco da sua esperança com quem a perdeu. Não de modo sentimental ou volúvel, mas organizado e realista. É assim que os verdadeiros amigos se tornam, no momento da ruptura, a possibilidade concreta para o casal em crise de ter uma referência positiva, na qual pode confiar na hora do desespero.

Com efeito, quando o relacionamento degenera, os cônjuges caem na solidão, tanto individual como conjugal. Perdem o horizonte da comunhão com Deus, com o próximo e com a Igreja. É nesse momento que os amigos podem servir como em guardiães de uma esperança maior para os que a perderam.

É nesta perspectiva que se pode ler a narração das bodas de Caná (cf. Jo 2,1-11). A Virgem Maria se dá conta de que os esposos “não têm mais vinho”. Ela o diz a Jesus. Essa falta de vinho faz pensar no momento em que, na vida do casal, termina o amor, se esgota a alegria e diminui bruscamente o entusiasmo do matrimônio.

Depois de Jesus ter transformado a água em vinho, felicitaram o esposo porque diziam que tinha conservado até àquele momento “o vinho melhor”. Isso significa que o vinho de Jesus era melhor que o precedente. Sabemos que este “vinho melhor” é símbolo da salvação, da nova aliança nupcial que Jesus veio realizar com a humanidade.

Mas é precisamente dessa aliança melhor que o matrimônio cristão é o sacramento. Todos os casais cristãos, mesmo os mais miseráveis e vacilantes podem encontrar na humildade a coragem de pedir ajuda ao Senhor. Quando um casal em dificuldade ou já separado, se confia a Maria e se dirige Àquele que dos dois fez “uma só carne”, pode estar certo de que essa crise se tornará, com a ajuda do Senhor, uma passagem de crescimento, e que assim o amor será purificado, amadurecido e revigorado.

Isto só pode ser realizado por Deus, que deseja contar com os seus discípulos como válidos colaboradores, para se aproximar dos casais, para os ouvir e ajudar a descobrir o tesouro escondido do matrimônio, para reacender o fogo que permaneceu sepultado debaixo das cinzas. É Ele quem reaviva e volta a fazer arder a chama; sem dúvida, não da mesma forma que o namoro, mas de maneira diferente, mais intensa e profunda: porém, sempre a mesma chama.

 

Por Dom Julio Endi Akamine SAC

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