33º Domingo TC – A
Mt 25, 14-30
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Talento, nos idiomas modernos, indica a capacidade e os dotes de uma pessoa. Esse significado, porém, se deriva dessa parábola. Originalmente o talento era uma unidade de peso, depois passou a ser uma unidade monetária. O uso posterior dessa palavra, para indicar habilidades ou dotes naturais, se desenvolveu do uso simbólico com que é usado nessa parábola.
Foi uma quantia muito grande que o patrão confiou aos seus servos. Vejamos:
- 5 talentos = 30.000 denários = 90 anos de trabalho (um denário = um dia de trabalho)
- 2 talentos = 12.000 denários = 36 anos
- 1 talento = 6.000 denários = 16 anos
Esse gesto do patrão é demonstração de sua generosidade e de sua confiança. Além disso, revela uma sabedoria excepcional, pois na verdade cada um recebeu uma quantia “de acordo com a sua capacidade”. A proporção do dinheiro diferiu, mas cada qual devia ser fiel e sábio no uso do investimento do que recebeu: aquele que recebeu 5, devia também produzir outros 5.
O Senhor confiou seu dinheiro, mas cada um usou sua inteligência, desenvolveu e empregou suas habilidades para investir bem, agiu com prudência e coragem nos investimentos. O resultado disso tudo foi que a quantia duplica: de cinco para dez e de dois para quatro! A confiança do patrão consiste na firme esperança de que os empregados iriam fazer pleno uso das habilidades e inteligência que dispunham para fazer aumentar sua riqueza.
O servo de 5 talentos usou sua inteligência, desenvolveu e empregou suas habilidades para investir bem e agiu com prudência e coragem nos investimentos. O resultado de tudo isso foi que a quantia duplicou: de cinco para dez (60.000 = 180 anos).
O servo de dois talentos também se mostrou fiel. Embora tenha produzido menos, o seu resultado é igual ao do empregado de 5 talentos: cem por cento de produtividade! Ele não ficou invejando quem tinha 5; não se lamentou porque tinha um capital menor. Também nisso o patrão foi sábio – aquele servo poderia ficar inteiramente confuso com a responsabilidade de cinco talentos. Poderia falhar, esmagado pelo peso de tanta responsabilidade ou então desperdiçar tudo numa vida desenfreada. O patrão esperava do empregado de dois talentos o mesmo que esperou do de cinco: cem por cento de produtividade. E foi isso que ele fez. Demonstrou fidelidade no mais alto grau (no máximo grau) porque usou toda sua habilidade, inteligência e forças para dobrar o capital recebido.
“Mas aquele que havia recebido um só saiu, cavou um buraco na terra e escondeu o dinheiro do seu patrão”. Esse homem não se mostrou desonesto, não gastou o dinheiro nem o desperdiçou. Simplesmente não fez o que o Senhor esperava dele. Deixou de fazer produzir o talento, mostrou-se negligente, preguiçoso e indigno de confiança.
É do tipo daqueles que não são externamente maus, mas que no íntimo são improdutivos, indiferentes e egoístas. É o símbolo da preguiça, do embotamento e da indiferença espiritual. Não tem vícios exteriores, mas é viciado no íntimo. Não comete crimes, mas não se interessa em crescer na prática do bem. Mostra-se acomodado e se contenta em ser um acomodado. Faz pouquíssimo progresso espiritual e não se importa com isso.
Esta parábola nos ensina que a preguiça e a indiferença pelo crescimento espiritual são uma maldade mortal consigo mesmo. O Senhor requer de nossa parte busca ativa pelas coisas espirituais, empenho no progresso na vida cristã. Todos nós queremos progredir na vida; fazemos esforços heroicos para subir na vida. Mas temos uma preguiça invencível para fazer progressos na vida de oração, na vida em comunidade, no conhecimento da Bíblia, no amor aos outros.
Esta parábola nos ensina que recebemos de Deus dons valiosíssimos, mas corremos o risco de ignorá-los, de não os usar para progredir na vida espiritual. A parábola foi dita por Jesus para o “homem comum” de um só talento.
São poucos os homens excepcionais de 5 ou de 2 talentos: pessoas como João Paulo II, Madre Tereza de Calcutá, D. Helder Câmara, etc. O perigo que corremos é de dizer: “Com minhas poucas aptidões nada se pode esperar de mim. Não posso fazer nada!”. Esse é o sussurro de Satanás nos nossos ouvidos: “Você não pode fazer nada, pobre homem. Você só tem um talento enquanto outros têm mais. Deus foi injusto porque você tem poucos talentos enquanto os seus companheiros são brilhantes”.
Criticar Deus e ficar ressentido contra os outros é a escapatória das “pessoas comuns”. Foi também essa a reação do empregado de um só talento: “Sei que és um homem severo, pois colhes onde não plantaste e ceifas onde não semeastes” = “tu és um tirano a ser temido, um cobiçoso, um avarento dinheirista e ganancioso; explorador do trabalho alheio”.
“O empregado que havia recebido cinco talentos”. Ele apresenta outros cinco: aplicou toda energia e forças de que dispunha para negociar. Trabalhou duro quando outros dormiam ou descansavam. Esperou o retorno do patrão. Não o temia e não temia a prestação de contas. Esse empregado tinha afeição pelo patrão porque trabalhou para fazer a riqueza dele crescer. O dinheiro não lhe pertencia, mas mesmo assim agiu como se fosse seu e aumentou o patrimônio do seu patrão.
Além disso, o trabalho desenvolveu sua natureza e suas capacidades. Aprendeu muito e se tornou mais responsável ainda. Se já era uma pessoa capacitada, agora o era em dobro. Não precisa contar vantagens, uma vez que suas próprias obras o louvam.
O patrão olha o dinheiro entregue e sabe que o empregado diz a verdade. Não precisa ficar conferindo, pois aquele empregado que já era de confiança, ganhou ainda mais a confiança do patrão. Que maravilhoso se pudermos fazer algo para agradar ao nosso grande Rei!
“Como foste fiel em tão pouco”. O que parece ser uma quantia enorme, para o Patrão é pouco! Se ele tinha já sido muito generoso antes, na recompensa revelará uma generosidade mais surpreendente ainda!
Por Dom Julio Endi Akamine SAC
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