Comentário ao Evangelho – Domingo 15/08/2021

Assunção de Maria – Nossa Senhora da Ponte

Lc 1, 39-56

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A “Anunciação” mostra o início histórico da vida de Maria no seu significado salvífico. A Assunção orienta o nosso olhar para o fim da vida de Maria que é também o momento da entrada no céu.

Esta é a festa do seu destino de plenitude, de bem-aventurança, da glorificação de sua alma imaculada e de seu corpo virginal” (MC 7).

Maria é a única criatura humana – depois de Cristo e seguindo a Cristo – que entrou de corpo e alma na bem-aventurança do céu, depois de ter terminado a sua caminhada na terra. Para todos os que morrem na graça, segundo a fé da Igreja, a glorificação do corpo só se dará no fim do mundo e da história da salvação, no momento da ressurreição dos mortos. O mistério da Assunção está sobretudo na coincidência da morte com a glorificação de Maria.

A assunção corpórea de Maria está ligada de maneira particular com sua divina maternidade virginal e com a sua imaculada conceição. O corpo de Maria foi de tal modo assemelhado ao corpo de Jesus que, como o de Jesus, também não conheceu a corrupção.

O corpo da Virgem foi o meio luminoso (não obscurecido por pecado algum), através do qual nos veio a graça em pessoa, Jesus Cristo. Por isso a isenção da corrupção (o fato de Maria ter sido recebido logo na glória celeste) é uma consequência coerente de sua isenção do pecado. A relação única de Maria e Jesus Cristo justifica esta “distinção” corpórea no final da vida de Maria.

Mas o momento pessoal e individual de Maria jamais deve ser visto de maneira isolada. Na realidade Maria jamais existiu sozinha diante de Deus. Por isso também seus privilégios individuais não devem ser separados do papel salvífico que ela desempenhou em benefício de toda a humanidade. Se Deus glorificou uma pessoa, Maria, Ele o fez em vista de nosso bem e de todos.

Na assunção não se trata só de privilégio pessoal de Maria, mas principalmente de um evento de redenção; de um evento que representa a redenção que chegou à sua plena realização em um membro da multidão daqueles que têm necessidade de redenção.

Hoje a Virgem Maria, mãe de Cristo e nosso Senhor, é exaltada na glória dos céus. Nela, primícias e imagem da Igreja, revelaste a realização do mistério da salvação e fizeste resplandecer para o teu povo, peregrino sobre a terra, um sinal de consolação e segura esperança”.

A assunção de Maria nos revela que a redenção só chega a sua plenitude quando os seus efeitos se realizam na totalidade da criatura humana, também no corpo, com tanta frequência desvalorizado e tratado com desprezo.

Através da assunção, Maria se tornou aquela que foi totalmente redimida. Nela se revela em que consiste, em última análise, a redenção, hoje muitas vezes reduzida a sinônimo de libertação do corpo. A redenção é a completa eclosão da vida divina também no corpo humano, a transfiguração da própria realidade material do homem e da mulher e a vitória sobre a morte em todas as suas formas.

O que aconteceu em Maria possui importância não só para ela, mas também para nós: o que aconteceu em Maria aproxima, de certa forma, todos nós da meta final. O que aconteceu em Maria consolida o nosso destino final na fé e na esperança.

Nossa fé não é uma falsa ilusão, porque já alcançou sua meta em Maria; nossa esperança não é vazia porque, com Maria, a totalmente redimida, já se antecipou no hoje desta solenidade. É como se já tivéssemos lançado no reino do céu uma âncora que confere firmeza à nossa esperança.

Maria “propõe à Igreja e à humanidade a imagem e o documento consolador da realização da esperança final” (Paulo VI).

Aquilo que a Igreja peregrina considera ainda como expressão de sua nostalgia, ela o vê realizado em Maria.

A assunção de Maria revela o significado da ressurreição da carne. Deus ama o ser humano todo. Na ressurreição Deus não permite que nada do ser humano se perca.

Na assunção de Maria Deus acolheu e abraçou toda sua humanidade.

Ele não amou somente as moléculas que estavam no seu no corpo no momento da morte. Ele amou e ama seu corpo marcado pelos sofrimentos em comunhão de dor de Jesus Cristo, pela nostalgia sem tréguas de uma peregrinação de fé e de seguimento.

Deus ama Maria e glorificou seu corpo que se chocou e se feriu com a dureza deste mundo, e traz ainda suas cicatrizes.

Assunção significa que de tudo isto nada se perdeu para Deus, porque Ele ama o tudo em Maria. Todas as suas lágrimas, Ele as recolheu e nenhum sorriso lhe escapou.

Ressurreição da carne significa que em Deus nós haveremos não somente de ter em Deus o nosso último suspiro, mas que haveremos de reencontrar Nele toda a nossa história.

Por Dom Julio Endi Akamine SAC

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