Quinto Domingo da Páscoa – Ano C
Jo 13,31-33a.34-35
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O evangelho que lemos está enquadrado pela última ceia e lava-pés. As palavras de Jesus são ditas imediatamente depois da saída de Judas Iscariotes para a traição. As palavras de Jesus são palavras de despedida, instrução e de testamento.
O gênero testamento está bem arraigado na literatura bíblica e profana da época. Um personagem ilustre, antes de morrer, reúne os filhos e pronuncia as últimas palavras, à maneira de testamento espiritual: veja, por exemplo: Jacó (Gn 49), Moisés (Dt 32-33), Samuel (1Sm 12), Davi (2Sm 23; 1Rs 2), Matatias (1Mc 2,49-70), Tobias (Também 14). Não é de se estranhar de que João coloque na boca de Jesus um testamento espiritual.
O testamento não é um ato puramente jurídico. O testamento de Jesus é primeiramente uma despedida, na qual se ajuntam as lembranças (retomada de tudo que foi vivido e compartilhado) e se cruzam os conselhos. A despedida dá um tom cordial às palavras e um preso acrescido para as instruções (seriedade, gravidade, urgência, definitividade).
O testamento é uma explicação. Vai acontecer algo terrível, dificilíssimo de entender, porque é duro de aceitar. Jesus explica antecipadamente o sentido profundo da morte infamante na cruz. Trata-se, na verdade, de chegar à glória plena e definitiva; de glorificar o Pai.
O testamento é, portanto, uma visão transcendente. Na Cruz Jesus é levantado da terra, exaltado na glória e sobe ao céu.
O testamento espiritual consiste no mandamento novo. Ele não é novo pelo conteúdo, mas pela extensão (inclui todos, até os inimigos e os pobres), pelo motivo (para que sejam reconhecido como discípulos, porque ele nos amou primeiro) e pelo exemplo (como Jesus amou).
Não serve qualquer amor: trata-se do amor de Jesus. Universal, fiel, radical, incondicional, gratuito, eterno.
Por Dom Julio Endi Akamine SAC
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