Comentário ao Evangelho – Domingo 13/06/2021

11º Domingo do Tempo Comum – B

Mc 4, 26-34

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O Evangelho de hoje é uma crítica dura ao nosso pretenso protagonismo ou, conforme o Papa Francisco destacou na Exortação Apostólica, ao pelagianismo atual. O Reino é como alguém que espalha a semente na terra. Ele vai dormir e acorda, dia e noite, e a semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece. A terra, por si mesma, produz o fruto: primeiro aparecem as folhas, depois vem a espiga e, por fim, os grãos enchem a espiga. Quando as espigas estão maduras, o homem mete logo a foice, porque o tempo da colheita chegou.

A mensagem é clara: não é a ação do ser humano que produz o Reino, mas o próprio poder de Deus, invisível e escondido como a semente que, por seu dinamismo vital, produz a colheita.

Nossa impaciência egoísta nos leva a pensar no absurdo de querer apressar o ritmo de Deus. Isso é menos absurdo do que tentar apressar o crescimento da planta puxando as suas folhas para cima! E fazemos isso com tanta frequência! Nossa impaciência egocêntrica não é só inútil, mas também prejudicial e danosa ao próprio Reino. Jesus nos ensina com a parábola que assim como o mal traz em si seu veneno, o bem tem sua própria vida e cresce por si. Jesus mostra o contraste entre a nossa inatividade e a ação de Deus, mas este contraste é só aparente, pois Ele age exatamente onde somos impotentes e nos confiamos ao seu poder. A eficácia evangélica é muito diferente da eficácia mundana e pelagiana! Não podemos confundi-las.

Muitas vezes somos como Pelágio! Queremos que Jesus aja mais rápido, com urgência e determinação! Se Jesus tem poder, então posso me apoderar de sua graça: “Dá-me um emprego! Dá-me uma casa na praia! Dá-me saúde! Dá-me, agora, nesse momento, imediatamente, prosperidade e felicidade!” Esse tipo de mentalidade mundana e pelagiana está muito distante do Reino de Deus.

A vida tem o seu ritmo e é preciso respeitá-lo. A semente, uma vez lançada na terra, cresce por si só, com seu ritmo próprio e não adianta querer puxar a planta para cima para fazê-la dar fruto mais rápido!

Assim toda a ação do Reino de Deus: é como humilde semente que germina e cresce com o ritmo de Deus! Afinal o Reino é de Deus! O ser humano não pode construir o Reino! Não pode também impedi-lo ou destruí-lo. Pode acolhê-lo e deixar-se envolver pelo seu dinamismo. Assim fazendo, a ação de Deus e a ação humana não se opõem, mas se compõem na sua distinção.

A pressa mundana não nos ajuda; só nos faz afundar ainda mais em nossa agitação inútil e danosa. Quem nos salva é Ele, o Senhor Jesus. Quem nele crê realmente fica sereno, ainda que cercado de canseiras e trabalhos. O ímpio, ao contrário, é como “mar agitado, que não se acalma e cujas águas trazem barro e sujeira” (Is 57,20).

Nossas ansiedades em relação ao bem não vêm de Deus! Só o fato de fazer o bem não significa que sejamos de Deus! É preciso fazer o bem como Jesus, ou seja, como o semeador que lança a semente: ele dorme e vigia, deixa passar o dia e a noite, sem agitação, confiando no dinamismo vital da semente sem a agitação de querer impor o seu ritmo e deixando Deus ser Deus. Deus dará o fruto onde e quando Ele quiser. Talvez não vejamos o resultado de nossos esforços, mas Deus não deixará sem fruto o bem realizado com confiança e entrega. A parábola do semeador que dorme enquanto a semente germina é a parábola da fé absoluta!

Por Dom Julio Endi Akamine SAC

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