24º Domingo TC B
Mc 8, 27-35
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A confissão de Pedro não deve ser atribuída somente a Simão Pedro. Ele confessa em nome do grupo dos discípulos; ele é o porta voz de todos, exprime o que é a fé de todos. Mesmo que seja uma fé ainda imperfeita, Pedro exprime uma fé genuína em Jesus.
Os discípulos já estão convivendo com Jesus há um bom tempo e, por isso, chegou o momento em que precisam se decidir com clareza e de maneira pessoal. A quem eles estão seguindo? O que é que eles reconhecem em Jesus? O que eles recebem de Jesus?
É muito provável que os discípulos tenham se perguntado sobre a identidade de Jesus desde o início. Eles se surpreendem com a autoridade com que fala, com que cura os doentes, com que expulsa demônios e perdoa os pecadores. Quem é afinal esse homem?
Entre as pessoas correm diversos boatos sobre Jesus: um dizem que é João Batista, outros que é Elias, outras que é um dos profetas. Mas o que interessa a Jesus é saber o que os discípulos reconhecem em Jesus? “E vós, quem dizeis que eu sou?”
Essa questão é vital para os discípulos. Não é possível continuar seguindo Jesus de maneira inconsciente e superficial. Jesus tem clareza de que o caminho futuro a ser percorrido exigirá dos discípulos uma decisão consciente e responsável.
A resposta de Pedro é ainda limitada. Os discípulos ainda não passaram pela crucifixão e ressurreição. Não podem suspeitar ainda a profundidade do mistério do Messias Jesus. Mas para penetrar fundo no mistério pessoal de Jesus e de sua missão de Messias, os discípulos precisam continuar seguindo Jesus. É somente no seguimento, que eles chegarão à fé plena em Jesus.
Para nós também é vital conhecer quem é Jesus. Mas para conhecê-lo de verdade não bastam títulos e nomes aprendidos teoricamente. É preciso seguir Jesus, dia a dia, até o fim.
De acordo com o relato de Marcos, Jesus insiste três vezes, enquanto caminhavam para Jerusalém, sobre a sua paixão e morte. Ele manifesta abertamente aos discípulos a consciência que tem de sua morte violenta e, com firmeza admirável, anuncia que está indo ao encontro desse desenlace. Assim explica, sem meios tons, que o final de sua vida não será o triunfo que os discípulos esperavam e imaginavam, mas será o da entrega total de si, o que inclui sua morte na cruz.
Os discípulos mostram que não entendem Jesus. Tanto que têm até medo de perguntar a Jesus. Parece até que eles preferiam não mexer em algo que eles intuíam muito perturbador e que exigia uma conversão. Com efeito, eles se demonstram apegados aos sonhos de glória e de honra; esperam ainda receber de Jesus privilégios e vantagens. Por isso, eles, mesmo que Jesus tenha anunciado sua paixão e morte, continuam discutindo quem é o maior entre eles. Ficam calados quando Jesus lhes pergunta: o que discutíeis pelo caminho? A discussão deve ter sido muito animada e acalorada!
Os discípulos guardam um silêncio, envergonhados. A pergunta de Jesus parece ter feito os discípulos caírem na conta do absurdo daquela discussão. Bastou a pergunta daquele que se fez o último de todos, daquele que serve a todos, daquele que se fez pequeno como a criança para fazer aflorar a consciência da mesquinhez da luta pelo poder e da disputa pelo primeiro lugar.
Jesus responde ao silêncio dos discípulos, chamando-os e sentando-se: o gesto de se sentar é o gesto de quem ensina. Jesus tem algo importante para ensinar. Jesus quer ser ouvido; é o mestre que ensina! Quem quiser ser o primeiro, seja o último de todos e aquele que serve a todos!
Para ser de Jesus é preciso ser como Ele, servir como Ele, colocar-se no último lugar como Ele.
Por Dom Julio Endi Akamine SAC
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