23a Semana do TC A
Mt 18, 15-20
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Em geral nos preocupamos em aconselhar as pessoas a não transgredir as leis, mas advertir ou chamar a atenção de quem erra parece muito difícil. Normalmente nós o fazemos somente nos casos mais graves e evidentes de violação das regras. E em muitos casos, tentamos delegar essa tarefa a outros.
Por que temos tanta dificuldade de advertir com caridade quem erra? A dificuldade muitas vezes provém de nosso individualismo: o nosso individualismo estabelece que cada um é juiz de si mesmo e ninguém pode intervir na vida do outro, principalmente se não for solicitado. Esse individualismo é hipócrita, uma vez que a todo momento nós observamos e julgamos. E como! E se não dizemos nada é, muitas vezes, por preguiça, indiferença e desejo de não ter problemas.
O que é mais respeitoso: julgar e não dizer nada ou assumir a responsabilidade de ajudar o outro a se corrigir?
Infelizmente o silêncio diante do pecador nos impede de tomar sobre si a responsabilidade pelo outro, ou seja, de amar de verdade. Advertir é não largar quem erra com um julgamento, mas de ajudá-lo com constância e fidelidade. Estar comprometido pessoalmente! Somente um amor fiel pode ajudar no arrependimento e na conversão.
O mandamento do amor ao próximo exige assumir a responsabilidade em relação a quem, como eu, é criatura e filho de Deus. O ser irmão em humanidade e, em muitos casos, também na fé, deve nos levar a ver no outro um verdadeiro “outro eu”, amado infinitamente pelo Senhor. Se cultivarmos esse olhar de fraternidade, a solidariedade, a justiça e a misericórdia e a compaixão brotarão naturalmente de nosso coração” (Bento XVI).
“Adverte o sábio e ele te será agradecido; instrui o justo e ele crescerá em sabedoria” (Pr 9,8s). É importante recuperar essa dimensão da misericórdia cristã. Não devemos nos calar diante do mal por respeito humano ou por mera comodidade. É preciso advertir os irmãos sobre modos de pensar e de agir que contradizem a verdade e o bem.
Corrigir o pecador é uma obra de misericórdia porque a reprovação do cristão nunca é animada por espírito de condenação ou de recriminação. É movida sempre pelo amor e pela misericórdia e brota da verdadeira solicitude para o bem do irmão (Bento XVI).
Todos temos a necessidade de ser advertidos quando erramos e pecamos. Devemos ter medo dos que não dizem nada quando isso acontece. Ninguém de nós pode ser deixado só, na presunção ou na falsa convicção de que nos bastamos a nós mesmos. Podar o ramo que produz fruto não é limitar nem mortificar o ramo, mas ajudá-lo a se tornar mais forte e fecundo.
É urgente e necessário redescobrir a importância da correção fraterna, para caminhar juntos rumo à santidade. Afinal, até mesmo “o justo cai sete vezes” (Pr 24,16), e nós somos fracos e débeis. É um grande serviço ajudar a ler com verdade a si mesmo para melhorar a própria vida e caminhar mais retamente na via do Senhor. Há sempre necessidade de um olhar que ama e corrige, que conhece e reconhece, que discerne e perdoa, como Deus fez e faz conosco (Bento XVI).
Por Dom Julio Endi Akamine SAC
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