Por Dom Julio Endi Akamine SAC
Lc 19,11-28
A conversão de Zaqueu ilumina a parábola das moedas. Zaqueu deixou de ser escravo do dinheiro para ser discípulo de Jesus. Ele não só se tornou justo, mas, de agora em diante, usa o dinheiro para socorrer os necessitados. A partir dessa conversão podemos entender o que significa fazer render as moedas recebidas do patrão. Não se trata de entrar na lógica capitalista do lucro, mas de por a serviço dos outros o que temos e o que somos.
A parábola fala da necessidade de fazer render as moedas recebidas no sentido de que o Reino não nos leva a buscar uma utopia que nos livre dos afazeres do cotidiano. O Reino inclui e suscita o nosso empenho em melhorar o mundo, em humanizar a terra, em construir uma sociedade mais fraterna. Deus nos entregou o tesouro deste mundo para fazê-lo frutificar. O Reino não seja deste mundo! Ele, porém, está presente neste mundo e começa neste mundo.
O mundo presente não pode ser desprezado como se ele não fosse nada. Nem pode ser supervalorizado como se fosse tudo. É no presente que se decide a fidelidade ou a infidelidade ao Senhor. Aquele que foi fiel no pouco, será fiel também no muito! O presente é importante porque nele se decide o futuro definitivo! O além se decide no aquém! O futuro absoluto se decide no futuro transitório. O absoluto infinito no qual desejamos viver se decide no relativo finito em que estamos mergulhados.
Nisto se entende também o paradoxo: “a todo aquele que já possui, será dado ainda mais; mas àquele que nada tem, será tirado até mesmo o que tem”. Somente quem se abriu na fé ao mistério de Deus estará aberto a receber a visão transformante de Deus.
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