Comentário ao Evangelho do Dia – 28 de outubro

28/10 – 30º Domingo do TC – Ano B

Por Dom Julio Endi Akamine SAC

O relato da cura do cego de Jericó, o filho de Timeu (Bartimeu), tem alguns elementos paradoxais.

Primeiro paradoxo. O cego, está condenado pela doença e é reprimido pelas pessoas que o repreendem e ordenam que ele não grite nem incomode. Mesmo que não possa ver e seja impedido pelas pessoas, o cego vê melhor do que todos. Ele vê o que os outros não veem. Ao ouvir que Jesus estava passando, ele começou a gritar: “Filho de Davi, tem piedade de mim”. Aquele cego, tem uma fé que o faz ver. O seu grito é uma confissão messiânica: Filho de Davi! Sua fé é ainda imperfeita, mas ela tem olhos que penetram no mistério da pessoa de Jesus: ele é o Filho de Davi. Ele não tem olhos, mas vê pela fé.

Outro paradoxo. Depois que Jesus o chama, algumas pessoas o encorajam: “coragem, levanta-te, Jesus ter chama!”. Nesse momento, o cego jogou o manto, deu um pulo e foi até Jesus. Não é ele um cego? Como pode ele reagir dessa maneira (jogar o manto, dar um pulo e ir até Jesus)? Não se espera essa reação de um cego. Mais uma vez, aquele que não vê, demonstra nas suas atitudes que enxerga o que outros não veem.

Mais um paradoxo. É evidente o que o cego precisa: ele não enxerga, está privado da luz deste mundo. E mesmo assim, Jesus lhe pergunta: O que queres que eu te faça? Era preciso perguntar? Não era evidente que ele era cego? Jesus pergunta porque não se trata só de milagre. Jesus deseja dar ao cego mais do que a luz deste mundo. Por isso engaja o cego no processo da cura para dar-lhe a luz mais preciosa da fé.

O cego respondeu: Mestre, que eu veja! Ao que Jesus responde: “Vai, a tua fé te curou”. O cego que já enxergava melhor do que todos, agora tem sua vista recobrada. E uma vez que enxerga, ele começa a seguir Jesus.

A cura do cego Bar-Timeu retrata o nosso itinerário cristão. Somos chamados por Jesus, e Ele nos ilumina. Uma vez que fomos chamados por Jesus, podemos ir a Ele. O chamado nos conduz ao seguimento de Jesus.

Jesus continua perguntando a nós: o que queres que eu te faça?

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