10º Domingo do TC A
Mt 9,9-13
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Mateus desenvolve a sua narrativa de forma progressiva e lógica.
- Em Mt 5-7, Mateus relata a autoridade de Cristo que se manifesta por sua palavra (ele “ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas”).
- Em Mt 8-9, essa mesma autoridade de Jesus que se manifesta em suas obras, isto é, sobre as doenças (cura do leproso, do criado do centurião, da sogra de Pedro); sobre a natureza (a tempestade acalmada); sobre os demônios (os possessos de Gadara) e, finalmente, no texto da vocação de Mateus a sua autoridade sobre os pecadores.
Mateus era um cobrador de impostos. Como tal era desprezado pelos judeus e considerado um pecador público, por colaborar com os romanos e por manter-se em contato constante com pagãos impuros.
A sua resposta ao chamado de Cristo (Segue-me) é imediata: “e levantando-se, o seguiu”. Nada existe na pessoa de Mateus que explique tão profunda transformação. Somente a autoridade de Jesus poderia modificar tão radicalmente a vida inteira de um homem. Deve-se observar que o termo “seguir” implica uma união com a pessoa de Cristo, um seguimento para escutá-lo e servi-lo.
“Por que o vosso mestre come com os publicanos e pecadores?”. É uma pergunta que engloba uma censura e uma insídia (emboscada, estratagema, segundas intenções).
A intimidade de Jesus com pecadores quebra prescrições legais muito claras: seria ele o justo? Essa atitude de Jesus não é suspeita e estranha? Não está ele ensinando a desobediência à lei de Deus?
A resposta de Jesus: “não são os que tem saúde que tem necessidade de médico, mas os doentes. Não vim chamar os justos, mas os pecadores” é finamente irônica. Se o médico se arrisca ser contagiado para ir visitar os doentes do corpo, com mais razão ainda Jesus deveria se arriscar para ir ao encontro dos doentes do espirito.
Cristo veio chamar para o seu Reino tanto pecadores como os justos. Exemplo disso é o jovem que tinha observado todos os mandamentos desde a infância. Assim devemos entender os “justos” como aqueles que são falsos justos, ou seja, aqueles que se consideram justos. A atitude de quem confia na própria justiça é uma atitude de soberba desumana e antipedagógica. Cristo não quer os justos que creem poder justificar-se com suas próprias forças e medidas. Estabeleceu uma oposição entre uma religião reduzida à justiça do homem e uma religião construída sobre a misericórdia divina.
A conversão de Mateus nos mostra o poder de Deus na conversão dos pecadores (nós e os outros). A Palavra de Deus nos ensina a confiar mais no poder da misericórdia de Jesus do que em nossa própria justiça.
Por Dom Julio Endi Akamine SAC
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