A Campanha da Fraternidade e o Pacto Global Educativo

O Papa Francisco celebrou no Vaticano o “Pacto Global Educativo para propor uma nova união nos esforços para formar pessoas maduras em vista do bem comum. O Pacto se inspira no provérbio africano “para educar uma criança é necessária uma aldeia inteira”. De fato, a educação pressupõe uma aliança que incumbe o envolvimento da família, da escola e da sociedade. Nunca, como agora, houve a necessidade de unir esforços numa ampla aliança educativa para formar pessoas capazes de superar o individualismo e os e contrastes para reconstruir o tecido das relações de uma humanidade mais fraterna.

O Pacto objetiva envolver os profissionais da educação, os agentes e gestores públicos, as pessoas que se ocupam com o futuro das novas gerações e os próprios estudantes. Nele, a família ocupa um papel central, contando com a colaboração subsidiária de outros sujeitos sociais, instituições governamentais e privadas. Além da escola e da universidade, muitos outros ambientes e iniciativas são compreendidos em chave educacional.

Trata-se de colocar no centro o desenvolvimento integral da pessoa e a proteção da Casa comum. O chamado para reconstruir o Pacto Educativo Global é um apelo a cada pessoa para que se torne “protagonista desta aliança, assumindo o compromisso pessoal e comunitário de cultivar, juntos, o sonho de um humanismo solidário, que corresponda às expectativas do homem e ao desígnio de Deus”.

Infelizmente a tendência dominante é a de terceirizar as responsabilidades educativas. É muito comum transferir quase que exclusivamente para a escola o papel que é de competência da comunidade a qual pertence a criança. Ao mesmo tempo, percebe-se a dificuldade de reconhecer o papel primordial da família no processo formativo. A família parece, muitas vezes, ser reduzida a um termo acessório. De igual maneira, a sociedade quase sempre é desresponsabilizada da tarefa de educar.

Assim o Pacto educativo reconhece que a família, a escola e a sociedade têm, cada uma, o seu papel particular e, ao mesmo tempo, estão unidas entre si formando a aldeia que educa para a vida.

A família, mais do que uma célula da organização social, é o espaço amoroso que dá as condições essenciais para formar a pessoa. Nela se lançam os alicerces para o desenvolvimento cognitivo e social da pessoa a ser educada. Nesse sentido, os pais são a referência matriz educativa dos filhos e são o modelo de comportamento ético de seus filhos. Assim a família que apoia, estimula, corrige e incentiva é fundamental para que a pessoa cresça saudável e consciente de seu papel na sociedade.

A escola é o lugar onde aprendemos a conviver e a dar sentido às nossas experiências coletivas. Ela nos ajuda a tomar contato com a tradição cultural da humanidade de forma criativa e significativa. Enquanto ambiente, a escola transcende muros, salas, laboratórios, e coloca os educandos em contato com o mundo circundante como protagonistas de seus processos formativos.

O Pacto Educativo Global pede à sociedade civil manter-se vigilante para não substituir o ideal de uma educação integral por uma educação focada unicamente nos interesses do mercado e do lucro. A educação não deve ser compreendida nem praticada como negócio. A responsabilidade educativa da sociedade civil consiste em confirmar o Pacto global educativo para que as famílias e as escolas mantenham seus esforços de educar.

Educar é um ato de esperança no ser humano. É contribuir para que cada pessoa ofereça o melhor de si a Deus, ao próximo, à Igreja e à Sociedade (CF 2022, Texto Base, 221).

Por Dom Julio Endi Akamine SAC

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